A seleção nacional sub-19 feminina terminou segunda-feira o Campeonato da Europa no 11º lugar, uma classificação que não corresponde ao valor que as jovens jogadoras portuguesas demonstraram durante nove dias em Israel.
Nas competições do mais forte continente mundial do polo aquático nunca é fácil obter boas classificações, e o objetivo assumido pelo treinador da equipa nacional, António Machado, era um “lugar entre as oito melhores da Europa”, sabendo-se que na cidade de Netanya competiam as 16 melhores seleções juniores europeias, depois da fase de qualificação antes disputada em Malta.
Water Polo Channel ouviu um dos técnicos da seleção portuguesa, António Machado, no regresso a Portugal, e foi claro: “pretendíamos chegar ao oitavo lugar no Europeu, que era uma grande ambição, e fazer a melhor participação de sempre num Campeonato da Europa; e eu acho que foi a melhor de sempre em Europeus! Tivemos em 2000 um oitavo lugar e em 2006 também, mas em moldes de competição completamente diferentes; este modelo é igual aos Campeonatos da Europa e Campeonatos do Mundo [absolutos], por isso não tem termo de comparação”, disse-me ‘Tojó’, como é conhecido desde que era nadador e jogador.

E continuou a explicar: “por exemplo em 2000 Portugal foi oitavo classificado, mas o melhor que conseguiu foi um empate a seis golos com a Grã-Bretanha e perdeu os restantes jogos”.
Assim, resumiu com factos: “fizemos seis jogos, com três vitórias e três derrotas, e pela primeira vez ficámos em segundo lugar num grupo de quatro países, e neste formato; e pela primeira vez temos saldo positivo a nível de golos, com 87 golos marcados e 74 sofridos”.
Com quatro jogadoras nascidas apenas em 2006 (têm 15 ou 16 anos), quatro em 2005 ou 2004, e as restantes em 2003, a equipa lusa tem tudo para crescer e poder discutir lugares no tal ‘top 8’ que a dupla de técnicos António Machado e Ferran Pascual deseja.
Com duas das potências europeias da modalidade, Croácia e Sérvia, as lusitanas perderam por três e quatro golos, respetivamente, e com menos tempo de descanso.

“Acho que Portugal está a caminho de se nivelar pelo ‘top 8’ da Europa, que é o nosso grande objetivo; e como disse às minhas jogadoras, o Europeu acabou, com um honroso 11º lugar, mas não foi a meta, é a casa de partida; e vamos continuar a trabalhar pois isto cria esperança em que os resultados podem vir a ser melhores, e que vamos conseguir entrar no objetivo das oito melhores da Europa mais tarde ou mais cedo.”
Com uma avaliação claramente positiva do empenho e evolução das suas jogadoras, António Machado termina a “realçar o espírito de equipa extraordinário, fantástico, destas jogadoras, tal e qual como na fase de qualificação para o Europeu, em Malta; as jogadoras têm vontade, caráter, atitude, dão tudo o que têm e não têm, e quando é assim está-se mais perto de concretizar os sonhos”.
Os seis jogos de Portugal em nove dias:
1º jogo: Portugal – Países Baixos: 5-23 (3 jul.)
2º jogo: Ucrânia – Portugal: 10-14 (5 jul.)
3º jogo: GB – Portugal: 9-22 (7 jul.)
4º jogo: Portugal – Croácia: 8-11 (8 jul.)
5º jogo: Sérvia – Portugal: 19-15 (9 jul.)
6º jogo: Suíça – Portugal: 2-23 (11 jul.)

Espanha colhe a aposta
Para a equipa nacional de Espanha foi ‘mais’ uma vitória’, a juntar a vários outros sucessos que o polo aquático do país vizinho soma há décadas. Em femininos há menos tempo que em masculinos, é certo; mas recordo-me quando – no início dos anos 90 – Portugal e Espanha começavam a crescer e a diferença entre ambas não era assim tão grande.
Assisti por exemplo ao vivo ao Campeonato Europeu de 1995 em Viena (Áustria) em que as portuguesas treinadas pelo técnico húngaro Lajos Lorincz, e comandadas por Helena Barros e outras valorosas jogadoras, estavam num nível mais próximo das vizinhas ibéricas.
Entretanto, Espanha já atingiu o vice-título olímpico nos Jogos de Tóquio 2021, perdendo a final com os EUA.
Segunda-feira em Netanya as espanholas defrontaram na final a forte Hungria (outra das potências europeias) acabando por vencer por apenas um golo (9-8).

Classificação final do Europeu feminino sub-19 2022
Espanha – 1º lugar
Hungria – 2º lugar
Grécia – 3º lugar
Países Baixos – 4º lugar
Itália – 5º lugar
França – 6º lugar
Israel – 7º lugar
Croácia – 8º lugar
Sérvia – 9º lugar
Ucrânia – 10º lugar
Portugal – 11º lugar
Suíça – 12º lugar
Roménia – 13º lugar
Eslováquia – 14º lugar
Grã-Bretanha – 15º lugar
Turquia – 16º lugar